sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Sobre a questão do trabalho

Parece que o facto de eu estar a trabalhar sem receber fez confusão a algumas pessoas e eu compreendo perfeitamente que assim seja.

Mas tal como expliquei nas primeiras vezes em que aqui falei do TA, entrei no projecto a pedido/convite de uma amiga, sabendo perfeitamente que não havia qualquer prazo definido para entrada de dinheiro; nada me foi escondido ou omitido e eu gosto mesmo do que estou a fazer, só não gosto realmente é da sobrecarga de trabalho. Por enquanto ainda não há verbas para pagamentos, nem a mim nem a ninguém; até mesmo a directora ainda não recebeu absolutamente nada, mas já pagou uma boa maquia em impostos e afins.

Eu considero-me uma pessoa responsável (ou pelo menos minimamente responsável) e, tendo assumido responsabilidades com plena consciência da situação, não sou capaz de deixar de as cumprir. E sei que no dia em que houver algum dinheiro, serei devidamente recompensada, não tenho a mais pequena dúvida disso; e também sei que estão a ser feitos todos os esforços possíveis para que esse dia chegue o quanto antes.

Além disso, com 38 anos, sem qualquer experiência profissional a não ser na área da psicologia e com um filho de 3 anos e meio em casa, sem possibilidades de o colocar num infantário particular e sabendo que na minha área de residência não há creches, infantários ou jardins de infância públicos ou comparticipados com vaga (sim, este ano tentei e fiquei agarrada, o miúdo não era prioritário e não há mesmo vagas), torna-se um bocadinho difícil arranjar qualquer tipo de colocação profissional, nem que seja atrás de uma caixa de supermercado.

Por isso, muito sinceramente, prefiro estar em casa e ocupar o meu tempo com o TA e a minha família do que tentar ir trabalhar por uma ninharia que no final das contas acabaria por ser para pagar um infantário privado e ao Estado, até conseguir colocar o meu filho em jardim de infância (público), no próximo ano lectivo; isto porque só no próximo ano lectivo é que ele tem prioridade, porque é de 9 de Janeiro.

Passando à questão da sobrecarga de trabalho, está resolvida, pelo menos em parte. E a realidade é que a minha desmotivação nem tem a ver com o TA; o cansaço sim (em parte), mas a desmotivação não. A desmotivação tem mesmo a ver com a desilusão que sinto em relação ao meu próprio país e às políticas deste governo. Mas sobre isso não me apetece falar.

Estou cansada de "sobreviver" e precisamente quando cheguei a esta conclusão, descobri que vão ser pelo menos menos 100€ no oramento mensal a partir de Janeiro. Ora se eu já não tenho onde cortar, se os jantares dos adultos já são só de sopa, se até já deixei praticamente de fumar, se já não comemos fora a não ser em caso de absoluta necessidade (e mesmo assim só os miúdos é que comem), se já não vamos ao cinema, se não fazemos compras a não ser as essenciais, digam-me lá como é que eu vou fazer para esticar o orçamento em cento e tal euros, que eu não faço ideia...

E sim, eu sei que há pessoas em muito pior situação que a minha. Mas isso não invalida que eu esteja cansada, preocupada, assustada e tudo o mais. Da mesma forma que essas pessoas também estarão, tendo em atenção os seus próprios contextos de vida.

Bjinhos!!

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